22/06/07

Conversas de sala de espera

Não há nada como ficar numa sala de espera de um famoso cirurgião plástico à espera duas ou 3 horas. O ego fica obesamente rechonchudo e posteriormente em choque. Aqui a jovem de pele de porcelana (eu mesma) foi confundida com uma paciente. No meio daqueles rostos todos inchados e sem expressão e de um nariz que apesar de me terem garantido que antes tinha o dobro do tamanho me parecia mesmo assim desmesurado. Primeiro via-se o nariz em grande destaque e depois atrás mesmo escondido o rosto. Ao que parece, depois fica normal. Será que fica mesmo? E vai ficar quatro vezes mais pequeno? Esperemos que sim, caso contrário continua assustador. Só para visualizarem o dito, para tirar um macaquinho daquele nariz, poder-se-ia colocar dois dedos num dos orifícios sem dificuldade no auxílio da tarefa…Horrorizados? Imaginem eu? Tive três horas a folhear revistas para não ter de olhar para a senhora. Estava lá uma equipa de jornalistas da TVI por causa daquele programa da Júlio Pinheiro que mudam o visual das pessoas, de monstro a princesa. Mas também estava um outra paciente dondoca que não parava de massajar o rosto e lamuriando-se que estava inchada. E eu a ficar em colapso de stresse daqueles tiques todos e do repetitivo queixume. Enquanto esperavam e para passar tempo, perguntaram-me por duas vezes, há quanto tempo tinha feito a plástica pois estava óptima. Fez-se uma pausa no meu cérebro. Tipo, o que é que isto quer dizer? Primeiro senti vaidade, pensei que bom, tenho a pele um luxo. Mas depois seguiu-se a preocupação, pareço eu uma cota que fez plástica. Não pode. Acabei por dizer que estava lá para entrevistar o cirurgião e falei um pouco da minha reportagem. Há que despachar a coisa e afastar ideias tolas, pois elas montam logo tenda. Inibidas as minhas potenciais entrevistadas não admitiram que o envelhecimento as preocupava. Uma delas, até me disse eu estava óptima, são manias. Pois, pois. Há quem coma chocolates, roía as unhas, fume, faça compras compulsivamente e tu tens a mania das plásticas. Mas só foi uma vez, nunca mais. Continua ela ninguém me dá 56 e saca do BI para mostrar o antes. Aí eu pensei, o Photoshop é mesmo bom, excelentes retoques. Aquela foto – do ano passado – mostrava um rosto bem melhor que na actualidade. E lá menti eu – realmente não parece ter nada ter 56, mas sim 65, pensei eu. Lá fui chamada e entrei na sala para uma brilhante entrevista com a minha imaginária vassoura de bruxa má e o meu nariz de mentirosa piedosa.

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