17/03/08

Sentir-me regador

Há períodos nas nossas vidas em que inevitavelmente sentimos a proximidade das lágrimas sem aviso prévio, aliás quase no preciso momento em que elas caem como em catadulpa pelo rosto, fazendo-nos sentir impotentes e muitas das vezes ridiculos. Na verdade, não me posso queixar e tentei tirar proveito desta fase, pois foi a oportunidade de saber qual a sensação de se ter incontinência - não urinária - mas sim lacrimal. Era acordar de manhã com um aperto no peito e chorar antes do pequeno almoço e durante o dia, aproveitando uma ida à casinha de banho...Choramingar ao deitar era o meu favorito, aproveitava o duche e era água por tudo que é canto...
Foi um estágio intenso e profícuo. Quase me transformei num regador. As lágrimas eram de tal forma proeminentes que encharcavam literalmente a roupa e me queimavam o rosto. Temi pela minha "cútis", pelo surgimento de rugas. Comprei valdis para relaxar, enchi frigorifico de guloseimas, evitei filmes lacrimejantes, enchi a minha agenda pessoal para todo o tempo que ficasse em casa se resumisse ao acto de me deitar. Mesmo assim senti o meu coração dilacerado, como se tivesse desenhado numa folha de pele que foi rasgado em pedacinhos minusculos.
Tive quase duas semanas em que o meu humor andou oscilante, pois lutei que nem uma cavaleira andante para que o sorriso se mantivesse. Menti desalmadamente alegando que andava muito cansada e que dormi mal...a verdade é que a tristeza se instalou no meu coração sem vontade alguma de se retirar.
Tomei uma decisão. E as mudanças causam sempre sentimentos contraditórios. Mas sei que estou a fazer o correcto e o melhor para mim.
E apesar de disfarçar as olheiras profundas e os papos debaixo dos olhos, o que me fez desenvolver novas técnicas e conhecimentos de maquiagem, há algo que descobri. Sou demasiado limpida e não há cosmética que dissimule o que se passa cá dentro, o que pode ser bom, mas também muito mau...péssimo aliás... Ando obviamente infeliz....
O que aconteceu para fixar neste estado? Tudo se resume ao facto que gosto demasiado de alguém que não quer gostar de mim.
Descobri que chegou a hora de desistir lutar por alguém que não sabe se me quer ou não.
Afinal a pessoa mais importante da minha vida sou eu e tenho-me esquecido disso, novamente....
Descobri que pode ser duro desistir, porque dói sempre, mas é o mais certo e o menos doloroso a longo prazo... Descobri que as lágrimas acabam por ser menos abundantes...e que por mais más experiências e desaires amorosos que venha a ter vou acabar por voltar a apaixonar-me sempre...por alguém super imaturo, que não sabe se me quer ou não... porque quando se nasce estúpida...morre-se estúpida e lá vou sendo feliz assim, pelo menos iludo-me que sim.
Venham os sapos e principes, tenho beijos para todos

1 comentário:

Vera Gonçalves disse...

Muitos príncipes muitos é o que eu te desejo...